Pais têm de perceber que família não é democracia

Diário de Notícias :: 2009.07.20

A psicoterapeuta Asha Phillips alerta no livro ‘Um Bom Pai Diz Não’, da editora Lua de Papel, que se pode estar a criar uma geração de tiranos que não sabem reagir bem a contrariedades.

Dizer não é um presente que se dá aos filhos.” É esta a teoria da psicoterapeuta infantilAsha Phillips, que confrontada no seu trabalho com a dificuldade de alguns pais em impor limites, resolveu escrever um livro sobre o tema. “A ideia surgiu porque tinha muita dificuldade em dizer não às minhas filhas. Depois, no meu trabalho no hospital, com famílias com problemas, percebi que uma das principais dificuldades era impor limites. E, quando procurei livros para me ajudar, não encontrei nada. Então, pus mãos à obra”, conta a psicoterapeuta.
A passagem de uma sociedade em que as crianças não tinham direitos para uma em que estão no centro das preocupações dos adultos levou a excessos, defende a especialista. Excessos que estão a contribuir para criar uma geração de “pequenos tiranos” que não sabem reagir a contrariedades. Daí, a importância de estar “preparado para ser pouco popular”, diz.

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“A família não é uma democracia. E as crianças não têm os mesmos direitos e deveres que os pais. Porque, no fim de contas, os pais é que são os adultos e têm de assumir as suas responsabilidades”, diz Asha Phillips. Isso inclui decidir o que devem comer e mandá-las para a cama a horas, explica – “decisões simples, em que muitas famílias ficam reféns da vontade de crianças”.
Por outro lado, a psicoterapeuta reconhece que os pais não devem ser rígidos em todos os temas. “Deve haver espaço para negociação. Não queremos esmagar a capacidade de iniciativa das crianças. Mas não deve ser necessário negociar todos os dias, todas as pequenas decisões. Em geral, diria que quando um pai diz não, deve manter-se firme”, conclui.
Asha Phillips diz ainda que é necessário começar cedo. “A adolescência é uma altura para manter o status quo. Não para começar a fazer regras”.
Ou seja, por esta altura, os filhos já devem saber o que esperar, conclui – “Isso dá-lhes segurança e estabilidade para aquela fase em que começam a escolher que valores querem manter e quais querem rejeitar”, conclui a psicoterapeuta.

Pais têm de perceber que família não é democracia