
A família é o “porquê” e o “por quem” vivemos, é a razão que nos motiva a seguir em frente todos os dias e que confere sentido a cada momento da nossa existência!

Em tempos de confinamento urge, como nunca, focarmo-nos nas nossas famílias, enquanto âmbitos determinantes para a nossa edificação como pessoas portadoras de uma biografia única e irrepetível, mas vivida na diversidade de relações familiares, profissionais e sociais. Não somos ilhas, mas seres em relação.
A pessoa humana necessita dos outros: é um ser social, está concebida para o convívio com os outros. Daí a importância da família, enquanto âmbito natural da nossa formação, porque a lei primeira da família é a da reciprocidade: só cresço na medida em que ajudo os outros a crescer!
De facto, uma família não é uma mera junção de pessoas de diferentes idades, aparentadas entre si e que vivem juntas, mas uma estrutura social muito peculiar e especificamente humana, insubstituível e base da sociedade. O bem ou mal estar destas pessoas, depende basicamente das atitudes e comportamentos de cada uma perante as circunstâncias. Com uma boa atitude, podemos tirar bom proveito de qualquer situação, enquanto que com uma má atitude, qualquer situação se pode transformar em desesperante.
Viktor Frankl diz-nos que a plenitude da pessoa se encontra na interação com outras pessoas, na relação com elas e na capacidade de amar. Por isso, a família é fundamental e permite a multiplicação das potencialidades e qualidades pessoais. Se a pessoa consegue encontrar um sentido para a sua vida, incluindo as adversidades (e aqui a família tem grande protagonismo), será capaz de converter os seus contratempos em objetivos, numa forma de superação. Deste modo, torna-se responsável pela sua própria existência, assumindo o controlo, porque responde com as suas opções conscientes àquilo que verdadeiramente importa. Ou seja, trata-se de desvelar o que de melhor existe em cada um de nós, os nossos talentos e as nossas forças. Inclusivamente, podemos chegar ao ponto de conjugar o “tu” antes do “eu”. Todos somos capazes de comportamentos heróicos, quando possuímos as motivações adequadas e que motivação mais adequada podemos ter, do que desejar a felicidade na família?).
Aparecem obstáculos? Claro que sim! Mas consideremos: se não temos o poder para alterar uma situação, podemos sempre escolher qual será a nossa atitude, porque temos sempre a capacidade de decisão pessoal, de escolher e traçar o nosso próprio caminho, em qualquer circunstância. A isto chama-se liberdade interior. Há sempre algo que podemos fazer perante os desafios que se nos colocam, por muito difíceis que possam ser, atribuir-lhes um sentido para que não nos destruam e não nos convertam em consequência das circunstâncias ou efeitos colaterais. Não, o bem estar da nossa família requer a nossa vitória sobre a passividade. Nas dificuldades, pouco importa o que a vida nos apresenta, importa, sim, o que nós apresentamos à vida, isto é, o que decidimos e que atitude tomamos como resposta. E resposta, só temos uma: a família em primeiro lugar!
Por isso, mais decisiva do que a realidade, é a nossa ação no momento certo, tomada na maior liberdade e, na qual a nossa escolha é o amor. Aliás, escolher sempre o amor, é a chave para a paz familiar e para a felicidade, porque o verbo amar, o “verbo do momento certo”, só se pode conjugar no presente. É, pois, importante desenvolvermos a cultura do presente e da liberdade interior. Nada podemos fazer com respeito ao passado e, quanto ao futuro, a maior certeza é a incerteza. Sendo assim, apenas nos pertence o momento presente, só aí podemos praticar atos verdadeiramente livres, porque ditados pelo nosso querer consciente e atuante, aquela parte de nós mesmos que depende exclusivamente de nós; então, concentramo-nos e segredamos aos nossos botões: escolho a minha família, escolho o amor! Esse amor, próprio dos cônjuges, é desejar que o outro exista e que exista bem, não de qualquer maneira: “porque te amo, busco o teu bem, a tua felicidade”! Assim compreendemos, em toda a sua profundidade, o âmago do maior segredo que a poesia, o pensamento e as ciências humanas tentam comunicar: a felicidade do ser humano só é possível no amor e através do amor. Como dizia um autor: “assim o homem, mesmo que despojado de tudo, consegue saborear a felicidade, se contemplar o rosto de quem ama!”
A família é o “porquê” e o “por quem” vivemos, é a razão que nos motiva a seguir em frente todos os dias e que confere sentido a cada momento da nossa existência!
Viva o Dia Internacional da Família!