
O Poverello, Unidade de Cuidados Continuados e Paliativos, situada em Braga, é uma grande família unida, para o cuidar e amar o próximo! O que mais define o ser humano não é a capacidade de pensar, nem é a possibilidade de criar, mas, principalmente, sua vocação de cuidar.
A Unidade de Cuidados Paliativos, umas da nossas valências, sendo que Organização Mundial de Saúde define cuidados paliativos como os cuidados que visam melhorar a qualidade de vida dos doentes e as suas famílias, que enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável e/ou grave e com prognóstico limitado, através da prevenção e alívio do sofrimento, com recurso à identificação precoce e tratamento rigoroso dos problemas não só físicos, nomeadamente a dor, mas também dos psicológicos, sociais e espirituais. A UCP tem capacidade para acolher 10 utentes, sendo que a previsibilidade de dias de internamento se situe nos 30 dias. O internamento na Unidade de Cuidados Paliativos não tem custos para o doente.
A equipa da UCP abrange médicos, enfermeiros, auxiliares de ação médica e os demais membros da equipa multiprofissional.
AMOR é a palavra, o sentimento chave em todas as atividades aqui desenvolvidas.
“O amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, nem procura o seu próprio interesse.
Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa tudo crê tudo espera tudo suporta.”
Coríntios 13 4:7
Partilhamos convosco a vivencia de duas profissionais que vivem o dia-a-dia dos cuidados Paliativos.
Fátima Anunciação, auxiliar de ação médica, trabalha connosco desde 2012.
“O meu nome é Fátima e sou auxiliar de ação médica. Vou partilhar um pouco da minha experiência de trabalho nos cuidados paliativos.
Para mim, trabalhar em Cuidados Paliativos, não é apenas tratar da doença ou conceder conforto no final de vida dos utentes, mas também dar apoio em todas as circunstâncias, carinho, conversar e até brincar quando possível… dar a mão ao doente e ficar simplesmente assim, até ao momento da sua partida, se assim acontecer.
Isto tudo acontece nesta unidade. Nunca é fácil para ninguém lidar com estas situações, por isso é que muita gente, ainda hoje, pergunta-me como consigo. Simplesmente respondo que não foi fácil no início habituar-me a esta realidade, mas hoje quando o faço sinto-me realizada e cheia de graça, por poder proporcionar bons momentos ao doente no seu limiar da vida.
Hoje, posso dizer que algumas partidas são muito bonitas. Sinto realmente a tranquilidade do doente, a sua paz por saber que está alguém do seu lado até ao último suspiro, e é tão reconfortante vê-los partir desta forma…digo-lhes sempre para não terem medo, pois estaremos ali com eles sem os abandonar!
Só quem vive situações como estas, é que realmente entende o que é uma partida bonita, sim porque a morte pode ser bonita, apenas temos de a saber proporcionar.
Até aos dias de hoje, recordo no meu coração cada doente que tive a oportunidade de auxiliar. Posso afirmar que houve situações que realmente me ficaram para a vida, resultando num tremendo enriquecimento a nível pessoal.
Todos os dias nos deparamos com um novo desafio e é por isso que somos constantemente valorizados pela responsabilidade e motivação para fazer sempre melhor.”
Claúdia Bueno e Souza, médica e diretora técnica da Unidade de Cuidados Paliativos, formada há 26 anos, 20 dos quais dedicados aos Cuidados Paliativos, deixa também o seu testemunho:
“Quando escolhemos fazer medicina o cuidar do outro é o grande objetivo enquanto profissionais, mas foi nos cuidados Paliativos descobri que além do cuidado durante a vida é preciso olhar o doente quando já não há mais “possibilidade de curar”. Nesta fase é preciso além do conhecimento técnico, devemos ter um olhar humanista e de compaixão.
Sinto-me realizada quanto ao papel social que pratico. Enquanto profissional da saúde, reforço diariamente os objetivos dos Cuidados Paliativos para que possamos dar a melhor assistência aos doentes no final do percurso de suas vidas.
Quero destacar que não seria possível sem estar inserida numa equipa multiprofissional, assim o cuidado é global (da pessoa doente e de sua família), num momento de grande fragilidade física, social e emocional.”
Estar a Serviço da Vida é apoiá-la na continuidade em todas as suas fases. Viver é uma arte, e entende-se que há aqueles que vivem para dar a vida em favor do próximo.
Frei Jacó Silva, fnpd
Luciano Luiz Leite da Silva
Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus