
Poverello – “A ARTE DE CUIDAR”
O Poverello, Unidade de Cuidados Continuados e Paliativos, é uma ação concreta do carisma de São Francisco de Assis, tendo recebido o nome de O Poverello – que significa O Pobrezinho, pois era assim como as pessoas identificavam São Francisco de Assis, em Assis, como homem da Paz e do Bem!
“E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos. “ -Gálatas 6:9
Todos os dias a “arte de cuidar” é concretizada com muito Amor, procurando trazer a todos a Paz e o Bem!!!
Lara Castro, assistente social, Coordenadora do Serviço Social d´O Poverello, partilha um pouco da paixão e a sua gratidão em trabalhar com esta equipa.
“Sou uma apaixonada pelos cuidados paliativos. Esta paixão começou há cerca de 10 anos num outro contexto laboral. Nessa altura senti necessidade de ampliar conhecimentos para poder contribuir ativamente na prestação de cuidados enquanto assistente social. Assim em 2011 especializei-me em cuidados paliativos. A vontade de praticar a “arte de cuidar” era desejo pessoal, tendo-se concretizado há cerca de dois anos e meio quando tive o privilégio de integrar esta instituição nomeadamente a equipa desta unidade de cuidados paliativos e coordenar o departamento de serviço social. Tem sido um trabalho no qual me sinto realizada tanto a nível pessoal como profissional.
Muitas vezes perguntam-me como posso gostar de trabalhar nesta área tão delicada onde a morte é uma certeza e o sofrimento é uma “constante”. Ora a morte é a única certeza que temos na vida e cabe-nos a nós percorrer este caminho lado a lado com os nossos doentes e suas famílias de forma serena e minimizando o sofrimento. Nesta área de cuidados, a qualidade de vida ocupa a primordialidade. Contudo, a importância não é somente dirigida ao alívio da dor física. O corpo é apenas uma componente do doente. Este é um todo com uma história de vida, contexto familiar, social, espiritual. A intervenção realizada pela nossa equipa é multidisciplinar centrando-se em todos estes aspetos durante o tempo de vida do doente e pós-morte. A equipa tem por objetivo o controlo dos sintomas do corpo, da mente, espirituais e sociais, que martirizam o doente e sua família, na delicada fase em que existe uma proximidade com a morte. A família é, assim, também abraçada pela equipa, pois ela compartilha do sofrimento do doente.
O âmago da intervenção do assistente social é a garantia da qualidade de vida do doente e a manutenção do equilíbrio familiar, trabalhando com o doente e família, com vista à resolução dos problemas diagnosticados por forma a minimizar o sofrimento.
É importante desmistificar que os cuidados paliativos não são apenas dirigidos a pessoas que estão em fim de vida. Nesta Unidade de Cuidados Paliativos damos altas, sejam elas para o domicílio como para outras estruturas. Estas dependem de uma prévia e eficaz referenciação permitindo à equipa uma intervenção em pleno durante o tempo de internamento na unidade de cuidados paliativos, planeamento e organização de alta segura. É imperativo informar e consciencializar a sociedade e formar os profissionais. Todo o cidadão tem direito aos cuidados paliativos.
Os cuidados paliativos dão primazia à interligação entre os cuidados técnicos e as relações humanas, articulando estes dois aspetos consoante as necessidades de cada doente. Quando trabalhamos com o coração acrescentamos. Fazemos mais e melhor.
Todos os dias saio desta unidade com o sentimento de que dei o melhor de mim a pessoas que se encontram no maior momento de fragilidade da sua vida. O facto de me permitirem participar neste momento é especial, de uma intensidade inqualificável.
Somos acarinhados diariamente por doentes, familiares e mesmo por outras equipas. Sentimos este afeto como indicador de um trabalho de qualidade e de que estamos no caminho certo, que a nossa intervenção é eficaz e dá-nos motivação para continuar dia após dia a cuidar. Ainda hoje temos famílias que nos contactam para agradecer o tratamento que tiveram por parte da nossa equipa. É enternecedor saber que nos recordam com carinho e que a associação que fazem de um momento de dor pode ser positiva. As memórias de todos os doentes ficam guardadas no meu coração com a esperança de poder continuar a desenvolver o meu trabalho enquanto assistente social nesta equipa fantástica e a evoluir enquanto pessoa e profissional.”