Por uma Cultura da Vida – 22 | Eutanásia: que pensam os jovens?

Pedimos a alguns jovens que redigissem a sua opinião acerca do tema da eutanásia. O resultado é o que se segue.

Eu chamo-me João Gomes, tenho 9 anos.

Gosto muito de jogar futebol, de ter os amigos em casa para brincar com eles. Agora com a pandemia não posso fazer isso, mas arranjo sempre forma de estar em contacto com eles. Como sou alegre, acordo sempre bem disposto e com vontade de aprender, por isso acho que a vida é muito bela e que todos a devíamos cuidar. É muito importante cuidar da nossa vida, mas também da dos outros. Se eu for feliz posso fazer os outros felizes e se os outros estão alegres também me fazem alegre. Assim, se eu cuidar dos mais frágeis, dos que não têm amor, dos que não tem nada, farei com que todos tenham vontade de viver. Se cada um de nós o fizer, de certeza que ninguém quer morrer.

Devíamos aprender a estar atentos aos outros, àqueles que vivem ao nosso lado e que se cruzam connosco, a saborear o gosto de viver, de brincar, de correr, de saltar, …

É muito bom viver, poder abraçar, ter amigos, sorrir… E mais ainda se ajudamos os outros a serem felizes.

Por isso quando a minha mamã me explicou o que era a eutanásia, fiquei muito triste porque acho que é sinal de que desistimos uns dos outros e que não lutamos para que as pessoas se sintam bem com elas e mais felizes. A solução é sempre a viver até ao fim, podendo cada um de nós dar amor. Viva a vida! Viva!

Olá, sou o João e tenho 13 anos. A meu ver, a eutanásia não faz sentido, pois acho que as pessoas devem morrer de uma forma normal e não forçada. A partir do momento em que nascem, devem viver a vida naturalmente até à morte natural.

É verdade que as pessoas pedem a eutanásia porque estão a sofrer e querem parar com o sofrimento, mas, então, para que servem os cuidados paliativos? Eles existem para diminuir a dor e o sofrimento da pessoa, até à sua morte natural e a vida não é para fracos: ela é cheia de sofrimento e de dor, mas temos de aprender a lidar com eles. É como se a vida fosse um quarto onde temos de nos hospedar e passar a noite, mas temos dois companheiros de quarto chatos e intolerantes, que são a dor e o sofrimento, e temos de nos habituar e saber conviver com eles até que amanheça e possamos sair, (que representa morte natural), e não arranjar a ajuda de alguém para sairmos de lá, (que representa a eutanásia), pois se o fizéssemos isso iria seria sinal de grande fraqueza.

E também devemos sempre acompanhar as pessoas que estão nas situações difíceis, pois muitas pessoas pedem a eutanásia porque querem parar com a dor e porque se sentem sozinhas e sem companhia. Devíamos ajudá-las a viver a vida ao máximo e a aproveitar todos os segundos que lhes restam para viver e não as deixar a “apodrecer”. Devemos ajudá-las a viver sem dor psicológica, estando sempre ao lado delas, e sem dor física, ajudando a diminuir o sofrimento, com a ajuda dos cuidados paliativos.

Não acho correto que matem pessoas por pedirem para as matar. É verdade que estão a sofrer, e eu não gosto de ver pessoas sofrer, mas temos de lidar com isso e seguir a vida até á morte natural firmemente. Por isto e por outras digam sempre não à eutanásia.

Olá! Sou a Maria e tenho 15 anos.

Ainda sou muito nova para escrever um artigo, ou para ter um estudo científico acerca do que vou falar, mas tenho uma opinião…

Estou a crescer, estou a conhecer e estou a aprender. Estou a aprender, conhecer e crescer num mundo onde o valor da vida é discutido. Estou a crescer e a aprender num mundo onde parece haver mais pessoas contra a vida do que a favor dela. Estou a crescer e a aprender num mundo onde posso escolher quando quero morrer ou se quero que outros nasçam. Estou a crescer e a aprender num país onde, perante o sofrimento, será legal escolher a opção mais fácil, a morte.

Estou a crescer numa sociedade vazia, fácil e medíocre…

Estou a crescer num país onde a lei, em vez de proteger os mais fracos, investindo na ciência e melhorando os cuidados paliativos, prefere aprovar uma lei onde que permite matar.

Estou também a crescer num país, onde segundo o artigo 24, no capítulo “Direitos, liberdades e garantias pessoais”, da Constituição Portuguesa, “A vida humana é inviolável.”, mas só às vezes…pois mesmo assim no dia 29/01/2021, a Assembleia da República aprovou a lei da Eutanásia. Aprovou a lei onde em vez apoiarmos os que mais precisam, os que estão em sofrimento e acompanhá-los até à sua morte natural, com dignidade, tornou legal matar.

Também estou a crescer numa sociedade, onde uma grande maioria dos meus colegas da escola, não só acham aceitável, como também lutam para a legalização de um homicídio, só que camuflado com o nome “Eutanásia” ou “Suicídio Assistido”. Mas mesmo assim luto e exponho a minha opinião, apesar de às vezes ser vista como retrógrada ou até egoísta por aparentemente não me preocupar com o sofrimento dos outros.

Mas é exatamente por isso que eu falo, que eu exponho a minha opinião, e até é por causa disso que eu estou a escrever este artigo… para que me ouçam, e para que saibam que vou lutar para que se um dia, caso alguém, necessite de esperança quando as coisas não parecerem melhorar, ou um cuidado quando estiver em sofrimento, irão tê-lo.

Por que eu vou e estou a lutar para que um dia, os mais fracos tenham os cuidados que merecem, o apoio que merecem e acima de tudo, a dignidade que merecem!

Por uma Cultura da Vida – 22 | Eutanásia: que pensam os jovens?