
As barrigas de aluguer estão prestes a serem consideradas um crime em toda a Itália e para todos os italianos. A Câmara dos deputados aprovou nesta quarta-feira, 26 de julho, uma proposta que considera essa prática um “crime universal”, mesmo que seja realizada pelos italianos no exterior.
Depois de um dia intenso, os deputados italianos aprovaram o texto final com 166 votos a favor, 109 contra e 4 abstenções. Conforme noticiado pelo jornal Avvenire , a lei irá para o Senado para obter a luz verde definitiva a partir de setembro.
Em defesa das mulheres e crianças
“Hoje é um dia importante, a Itália está na vanguarda a nível internacional na defesa dos direitos das mulheres e crianças. Esperamos que esta votação abra um debate mundial para a abolição desta prática ”, comentou Eugenia Roccella, ministra da família de Itália.
A questão é que as barrigas de aluguer, proibidas em Itália desde 2004, são permitidas noutros países vizinhos, onde os casais italianos viajam para ter um filho. O problema surge quando esses italianos regressam ao país e tentam registar o filho.
A lei obteve apoio de partidos de ideologias muito variadas. A deputada ambientalista Luana Zanella, por exemplo, num discurso inflamado que recebeu aplausos da bancada da direita, negou que possa haver “solidariedade substituta”. “(…) Em torno da suposta generosidade de uma gestante está o benefício de todos os sujeitos envolvidos , em especial das agências que as exploram pela sua capacidade produtiva”, referiu a deputada. Note-se que Luana Zanella pediu à ONU que proíba as barrigas de aluguer da mesma forma que em 2022 pediu o fim da mutilação genital feminina.
Esta lei causou grande divisão interna nos partidos. Enquanto a esquerda se posicionou a favor de uma emenda para legalizar a “gravidez de aluguer solidária” (a mãe de aluguer recebe dinheiro pelas despesas realizadas), os verdes disseram estar contra . O Partido Democrático de esquerda estava dividido internamente entre uma maioria oposicionista e partidários dessa prática de reprodução. Por sua vez, o Movimento Cinco Estrelas deu liberdade de voto aos seus deputados.
Fonte: Avvenire / RL